Resenha: A Rebelde do Deserto, de Alwyn Hamilton (A Rebelde do Deserto #1)

a rebelde do desertoO deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher.

Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.
Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

Mais um lançamento recente de fantasia YA no Brasil! Fiquei sabendo desse livro quando foi lançado em março de 2016 nos Estados Unidos; e quando anunciaram que já estariam publicando a versão brasileira, meu interesse foi desperto. Estava bastante curiosa para ler sobre esse tal deserto com Djinnis.

A construção de mundo realmente foi minha parte favorita do livro. Esse é um livro primariamente do gênero faroeste, mas com uma mitologia árabe. Durante grande parte de A Rebelde do Deserto, o lado faroeste está em foco – competições de tiro, vilas com saloons, viagens pelo deserto em direção à cidade grande -, com o elemento da magia em segundo plano. Mas para os interessados nos elementos de mitologia árabe como eu, não se preocupem que tudo muda nos último 20% do livro. Demora, mas a magia finalmente vem para o primeiro plano, e a tendência é que sua importância apenas aumente nos próximos livros.

Outro ponto forte do livro é a protagonista. Amani não é levada pelo enredo do livro; é ela que faz o enredo acontecer. Amani é a típica protagonista com atitude e “língua afiada” que está sendo tão popular nos YAs recentes. Já vi pessoas reclamando que a “modinha” desse tipo de protagonista está se tornando chato e repetitivo, e entendo essas reclamações (toda vez que leio uma introdução em que a protagonista diz que tem “língua afiada” eu não consigo não revirar os olhos), mas – na minha opinião – essas pessoas esquecem que até pouco tempo atrás, a “modinha” era justamente o contrário: protagonistas que passavam o livro inteiro sendo salvas por seu interesse romântico, e não tomavam nenhuma atitude. Entre uma “modinha” e outra, prefiro a que introduz aos jovens – tanto meninas quanto meninos – protagonistas femininas fortes.

Sem contar que não é como se os protagonistas masculinos de YA não sejam quase todos do mesmo “tipo” também. Totalmente apoio pedir por protagonistas mais originais, mas desconfio de todo mundo que só reclama das meninas com atitude. 😉

A descrição do livro já indica a presença de um romance para Amani, e apesar de não ter gostado do romance em si (justamente por ser óbvio demais, desde o primeiro encontro dos personagens; não foi “amor a primeira vista” mas foi “sinto que ele é diferente, tivemos uma conexão instantânea…” a primeira vista, que é basicamente o amor a primeira vista dos YAs de hoje em dia), o personagem masculino do livro é interessante por si só. Jin não é um personagem do tipo “babaca mas secretamente bonzinho” que não suporto mais. O romance foi inofensivo ao enredo, e é isso que é importante para mim.

A construção de mundo captura a atenção, a protagonista é ótima, o romance não incomoda – e a escrita não tem nada de especial, mas também não incomoda -… A Rebelde do Deserto tinha tudo para se tornar uma das melhores leituras desse mês; então por que isso não aconteceu? Justamente por conta do enredo – ou falta dele.

Meu grande problema com A Rebelde do Deserto foi o fato do enredo não ter me capturado até os últimos 20% do livro. Pareceu para mim que nada acontecia além de Amani e Jin andarem pelo deserto ás cegas. Talvez o problema seja que histórias de “roadtrip” – o que boa parte desse livro é – não são para mim? Mas quando leio um livro, se nada demais acontece no enredo em si, eu espero que o foco vire para o estudo dos personagens; o que não acontece aqui. Então fiquei levemente entediada durante boa parte do livro, até que a “grande revelação” acontece e o verdadeiro enredo da série apareça nos já ditos últimos 20%.

Minha esperança é que a sequência siga o ritmo do final do primeiro livro; certamente lerei a continuação, porque estou bastante curiosa para onde a autora levará Amani e seu mundo. Essa é uma leitura certamente recomendada para quem gosta de YA. A Rebelde do Deserto pode não ser um livro inovador, mas cumpre o que promete: uma fantansia YA sólida e que diverte.

3 comentários sobre “Resenha: A Rebelde do Deserto, de Alwyn Hamilton (A Rebelde do Deserto #1)

  1. Pingback: Qual livro ler? Temporada dos Ossos, A Rebelde do Deserto, ou The Kiss of Deception | Raposísses

  2. Olá, tudo bem?

    Sabe que eu achei o livro mais fantástico do que YA? Que curioso rs
    Também estou aguardando a continuação. E achei que a autora conseguiu se sair muito bem, principalmente pra um livro de estreia. Achei que usou elementos batidos, mas foi capaz de reinventá-los de tal forma que a história ficou diferente do que vemos por aí.

    beijo

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    • Hahaha essa conversa sobre fantasia pode ir longe! Porque depende de como vc define “fantástico”, né? Se fantástico for estar em um mundo diferente do nosso, esse livro realmente é mto fantástico! Mas quando escrevi esse post estava pensando mais no lado da magia e tal, e achei que essa parte não foi usada tanto assim no começo – além da parte com os cavalos -, só começou a ser usada mais quando eles chegam no “acampamento dos rebeldes”. Mas acho que os próximos livros serão mais focados nesse lado da magia e mitologia árabe! Ou pelo menos eu espero, porque é essa parte que mais prendeu meu interesse, haha.

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