Vídeo: QUEERBAITING – O que é? Como funciona?

Primeiro: Sim, eu sei que no meio do vídeo começo a falar o nome do Alvo e Escórpio errado. Como eles têm nomes diferentes na versão inglesa e brasileira, eu acabo misturando os dois hahaha.

Já faz algum tempo que estava pensando em fazer esse vídeo, então aqui está. Quero fazer mais vídeos de discussão daqui para frente; filmar foi um saco mas o produto final até que ficou interessante!

HORÁRIOS

01:07 O que é Queerbaiting?

07:43 Seu ship é queerbaiting?

10:24 Harry Potter e a Criança Amaldiçoada

Meus Quadrinhos Favoritos: Gavião Arqueiro, de Matt Fraction e David Aja

gaviao arqueiro capaPosso só falar aqui rapidinho que não faço a mínima ideia de como o lançamento de quadrinhos funciona aqui no Brasil? Não consigo achar nem um lugar que tenha uma lista como todos os lançamentos de quadrinhos organizados por data e etc, tudo bonitinho. Só fiquei sabendo que Gavião Arqueiro do Matt Fraction e David Aja tinha sido lançado aqui quando estava sem nada pra fazer e resolvi procurar Hawkeye no Skoob.

Mas é claro, confusão com lançamentos a parte, quando vi o nome Gavião Arqueiro: Minha Vida como uma Arma listado no site quase gritei de alegria. Essa série é um dos meus quadrinhos favoritos, e não só é maravilhosa (e altamente premiada), como impactou em grande modo o sistema de quadrinhos da Marvel. Com o mega sucesso de Gavião Arqueiro, a Marvel abriu mais espaço para quadrinhos de super-heróis mais focados na vida interior dos personagens, trabalhados no esquema “uma aventura por episódio” que lentamente vão formando uma história maior conforme a série avança. Além disso, abriu espaço também para um aumento na arte experimental, ou seja, os desenhistas ganharam mais liberdade para criarem quadrinhos únicos, ao invés de continuar a aderir ao Estilo Marvel; antes relegados apenas a “desenhistas” nos créditos, eles passaram a ser reconhecidos como criadores, lado a lado com os escritores dos quadrinhos.

A influência de Gavião Arqueiro de Fraction/Aja pode ser vista em várias das séries que vieram depois: Viúva Negra de Nathan Edmonson e Phil Noto, Jovens Vingadores de Kieron Gillen e James Mckelvie, e a nova série da Feiticeira Escarlate de James Robinson e um desenhista novo por edição, entre outros. Todas séries que eu adoro.

Toda essa conversa sobre a influência da série, mas sobre o que ela é, exatamente? Bom, nas próprias palavras de Fraction, sua série Gavião Arqueiro é sobre “o que Clint Barton faz quando não está ocupado sendo um Vingador.” É claro, mesmo quando está de folga do trabalho, por assim dizer, um super-herói nunca para de salvar o mundo; mas ao invés de supervilões de outras galáxias, dessa vez salvar o mundo significa salvar um cachorro maltratado, ajudar os vizinhos do prédio onde mora, ou acabar com uma gangue local.

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Esse nível “menor” de aventuras – “street level”, como dizem em inglês – pode fazer alguém que não leu Gavião Arqueiro pensar que a história não é emocionante como outros quadrinhos de super-herói, mas Fraction e Aja não deixam nada a desejar no quesito ação; as cenas de luta são várias, e todas muito bem executadas, graças ao talento que David Aja tem para quebrar e estilizar páginas. O diferencial desse Gavião Arqueiro é que, junto com a ação já esperada em quadrinhos de super-heróis, ele ainda oferece vários outros momentos: de comédia, introspecção, e emoção.

Então, como dito, esse tipo de história “menor” é um dos grandes pontos positivos do Gavião Arqueiro de Fraction/Aja. O outro grande ponto positivo é a presença de uma personagem: Kate Bishop.

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Fraction e Aja fazem uma grande brincadeira com essa série. O título do quadrinho, promovido como um “solo” em seu início, é Hawkeye – Gavião Arqueiro. Logo, Clint Barton é o óbvio protagonista, certo? Certo. Porém, Clint não é o único Hawkeye em existência, e é aí que entra Kate.

Kate Bishop é uma personagem de Jovens Vingadores (meu time preferido da Marvel, diga-se de passagem), que ganha o nome Hawkeye/Gaviã Arqueira quando Clint está morto (lol comics). É claro, eventualmente Clint volta à vida (lol comics), e a partir desse momento dois personagens passam a dividir o mesmo nome no universo Marvel. A primeira vez que os dois se encontram é em um especial de Jovens Vingadores (Young Avengers Presents #6, que está incluído em Gavião Arqueiro: Minha Vida como uma Arma), onde os dois formam uma certa relação de mestre e aprendiz. Assim, quando Fraction anunciou que ele estaria trazendo Kate para sua série de Gavião Arqueiro, todos pensaram (incluindo eu) que Kate se tornaria a aprendiz, a “sidekick”, de Clint. Para a surpresa de todos, não foi bem isso o que aconteceu.

Em todas as entrevistas sobre a série, Matt Fraction afirma que seu quadrinho é sobre “Hawkeye”, e como há dois deles no mundo Marvel, sua série é sobre ambos. Kate não é a aprendiz de Clint, mas sim sua parceira. A partir do momento em que Kate é introduzida, sua presença apenas cresce na narrativa, até que, a partir da edição #12, a série passa a ser alternada: uma edição sobre Clint, uma sobre Kate. Isso nunca diminui a presença de Clint na série; mas também Kate nunca é desrespeitada. Os dois formam uma parceria mutuamente beneficial (nunca caindo em romance), onde fica claro para o leitor que juntos, sua falhas e qualidades se complementam.

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Estou colocando várias partes do quadrinho aqui no post porque não conseguiria explicar o quão incrível David Aja é apenas com palavras. O estilo dele é um que você precisa ver para perceber o quão incrível é. Não sou nenhuma especialista em arte, mas leio um número considerável de quadrinhos, e seu estilo é diferente de todo o resto. Seu traço parece simples, mas o trabalho que faz com linhas e painéis, e como divide a página, é incrível. Quando, em algumas partes da série, o artista é mudado, percebesse imediatamente a diferença que Aja faz para a criação do Gavião Arqueiro. Ele realmente é um criador da série, em total igualdade com Fraction. Esse Gavião Arqueiro não seria o que é sem o desenhista que tem.

Gavião Arqueiro: Minha Vida Como uma Arma é o primeiro encadernado da série, juntando as edições #1 a #5 de Gavião Arqueiro e Young Avengers Presents #6. Esse primeiro volume introduz todos os personagens importantes para o resto da série: o cachorro Pizza, Kate Bishop, a gangue do agasalho de ginástica, os moradores do prédio, Whitney Frost (sim, a Madame Máscara), a misteriosa moça ruiva, entre outros. No total, Gavião Arqueiro de Fraction/Aja tem 22 edições – lançadas no Brasil entre 2013 e 2015 nos quadrinhos mensais Capitão América e Gavião Arqueiro até a edição 19 – e é coletado em quatro encadernados. Acredito que seja a intenção da Panini lançar os outros encadernados, mas pelo que eu saiba não há ainda data para o segundo volume (como sempre, pontualidade não é o ponto forte da Panini).

Se você gostou desse primeiro volume, pode ter certeza que terá apenas o que comemorar: Minha Vida Como Uma Arma pode ser incrível, mas é apenas a introdução do mundo de Matt Fraction e David Aja. A história só melhora a partir daqui.

*As imagens usadas nesse post são todas do primeiro volume de Hawkeye, e estão em inglês porque são da edição americana. Não se preocupem, Gavião Arqueiro: Minha Vida como uma Arma está todo em português.